O que é valoração e como fazer esse calculado?









Já pensou entrar no supermercado para comprar tomates e descobrir que o quilo do vegetal está custando, por exemplo, R$ 500? Provavelmente, ninguém aceitaria pagar um preço tão fora da realidade, mesmo que tenha dinheiro pra isso. Mas como saber qual é o valor justo do que está sendo vendido, como a ação de uma empresa? Simples: com uma avaliação.

Mas pode ficar tranquilo porque no sacolão ninguém precisa sair fazendo contas complicadas para verificar o preço dos produtos. No mundo corporativo, no entanto, isso é muito comum. A avaliação é uma metodologia de cálculo que permite saber o valor de uma empresa.

Ele é usado tanto pelos sócios da quanto por investidores e compradores da empresa.

A avaliação também é muito importante para quem vai investir na Bolsa de Valores. Ao encontrar o valor justo de uma empresa, é possível projetar esse total no preço das suas ações. Assim, dá para saber se ela é ou não um bom investimento.

Confira, a seguir, como funciona a avaliação e veja como ele é calculado.

Valuation é um termo que, em português, é usado para definir “avaliação de empresas”. É um processo que usa vários indicadores, cálculos matemáticos e outros elementos mais subjetivos para determinar o preço justo de uma companhia.

A avaliação é feita com base em uma série de fatores, como a receita da empresa, número de clientes, potencial de crescimento, plano de negócios, etc.

O livro “Avaliação de empresas para leigos (valuation)”, escrito por Luis Roberto Antonik e Aderbal Nicolas Müller, explica que a grande maioria dos consultores financeiros usa a técnica do Fluxo de Caixa Descontado (FDC) para calcular uma avaliação. Esse é um cálculo matemático que faz uma projeção dos lucros da empresa no futuro.

Mas existem diversas outras formas de se chegar ao valor de uma empresa.

É possível comparar alguns indicadores, também chamados de múltiplos, que servem para comparar empresas do mesmo segmento. Entre os principais múltiplos estão Preço Lucro (P/L) de uma companhia, o Valor Patrimonial (P/VPA), e o Valor da Firma sobre Ebitda (EV/Ebitda). O Ebitda, por sua vez, é o lucro obtido antes que os juros, impostos, depreciação e amortização sejam descontados.

Importante: é sempre uma estimativa

índice

O valuation é sempre uma estimativa do valor de uma empresa. Além disso, o número encontrado pode variar dependendo de quem faz a avaliação e da metodologia adotada. Os resultados reais da empresa também podem ser diferentes do que foi previsto nos cálculos e, assim, acabam afetando o valor da empresa no mercado.

Se, por exemplo, uma empresa de varejo tiver uma queda no volume de vendas e um lucro bem menor que o esperado, isso com certeza vai afetar a avaliação da companhia, ou seja, seu valor de mercado.

Existem vários motivos para fazer o valuation de uma empresa. Quem investe na bolsa de valores, por exemplo, pode usar essa metodologia para avaliar o preço dos ativos e, assim, encontrar ações de empresas consideradas baratas.

Mas não é só isso. Um empresário que deseja vender sua empresa pode usar a avaliação para saber quanto ela vale. Ou, no caso de aquisições e expansões, é possível avaliar a firma que será comprada.

A avaliação pode ajudar até mesmo em situações de divórcios ou heranças, em que é preciso calcular o valor do negócio da família para uma divisão justa entre as partes.

A avaliação também é muito comum no mercado de startups, que depende de várias rodadas de investimento para a manutenção do negócio. Ele é usado para determinar o valor da companhia antes e depois de um investimento acontecer e até para os investidores avaliarem um negócio antes de decidirem colocar dinheiro nele.

O valuation é uma das principais ferramentas usadas por analistas do mercado financeiro. Para recomendar em qual empresa da Bolsa vale mais a pena investir, eles acompanham o desempenho das companhias e calculam com frequência o valuation de cada uma delas.

Depois que a avaliação aponta o valor da empresa, basta dividir esse número pelo total de ações internas no mercado. O resultado será o valor justo da ação.

Embora considere simples, o valor justo de uma ação é sempre aproximado, assim como a avaliação. Ambas as contas levam em conta critérios subjetivos e, por isso, precisam ser utilizadas com cautela. Por exemplo, se uma empresa tem muita atenção da mídia e das redes sociais, pode ter seu valor mais alto do que os cálculos puros mostram.

Como você viu acima, o Fluxo de Caixa Descontado é o tipo de avaliação mais usado por quem vai determinar o valor de uma empresa. O objetivo desse matemático é buscar o valor intrínseco, ou seja, o valor real e justo de uma companhia.

Mas existem outros tipos de avaliação usados ​​nos mercados financeiro e empresarial. São eles:

  • Múltiplos de Mercado;
  • Valuation Contábil;
  • De Liquidação;
  • Pré-Investimento;
  • Pós-Investimento.

A seguir, você confere mais detalhes sobre cada um deles.

Fluxo de Caixa Descontado (FDC)

Para encontrar o valor justo de uma empresa, o Fluxo de Caixa Descontado faz uma projeção do lucro futuro de uma companhia. Ele também é muito usado por investidores, analistas de investimentos e por donos de empresas.

Para calcular o FDC, é necessário fazer uma projeção do faturamento e dos custos futuros de uma empresa. Com uma fórmula matemática, é possível trazer essa projeção para o presente, ou seja, determinar um número que possa ser considerado agora.

Na hora de fazer o Fluxo de Caixa Descontado são levados em consideração os seguintes itens:

  • Estimativa de fluxo de caixa: valor de caixa recebido e gasto por uma em um determinado período;
  • Taxa de desconto: é a taxa que traz a projeção de fluxo de caixa para o presente. Ela costuma ser formada por todos os custos do capital e pelos riscos do empreendimento.

Para resumir, o FDC é a projeção de tudo o que uma empresa pode produzir no futuro, com os cortes ao longo do tempo e também dos compromissos assumidos.

Múltiplos de Mercado

Para chegar o mais próximo da realidade, os profissionais do mercado financeiro avaliam indicadores, também chamados de múltiplos, que fazem parte da realidade da empresa.

Os indicadores usados ​​na avaliação são referências criadas para simplificar o processo de avaliação de uma empresa. Isso ajuda quando existem no mercado um grande número de companhias de um mesmo segmento e que são comparáveis. Veja quais são os principais indicadores para avaliar uma ação e determinar sua avaliação.

Preço/Lucro (P/L)

O resultado desse indicador encontrado é ao dividir o preço da ação no momento (P) pelo lucro por ação (L ou LPA). E, para encontrar o LPA, basta dividir o lucro da companhia pelo número de ações internas.

Um P/L alto pode significar que a ação está supervalorizada, mas também indicar que o mercado tem boas expectativas para uma empresa e espera que os lucros dela cresçam em breve.

OP/L não deve ser o único escolhido para escolher uma ação. Ele deve estar inserido em um contexto mais amplo, além de ser combinado com outros indicadores.

Empresa/Ebitda (EV/Ebtida)

Esse é o indicador que ajuda a entender a capacidade de gerar lucro de uma empresa. Para chegar até ele, é preciso cumprir algumas etapas. EV significa Enterprise Value e nada mais é do que o valor de mercado de uma empresa mais as suas dívidas líquidas.

Para achar o valor de mercado, basta pegar o preço da ação e multiplicar pelo número de ações em circulação.

O Ebitda é a sigla em inglês para o indicador que mostra o lucro da empresa, sem deduzir juros, impostos, depreciação e amortização. Para chegar ao Ebitda, os analistas costumam somar o lucro operacional líquido, as depreciações e as amortizações das empresas.

Assim, o indicador é o valor da empresa (EV) dividido pelo Ebitda. Quanto mais alto o valor, mais cara está a empresa.

Rendimento de Dividendos

Esse indicador é definido a partir de uma conta: é preciso dividir o valor de distribuição distribuído pela empresa nos últimos 12 meses pelo preço da ação.

Por exemplo: se uma companhia distribuiu aos acionistas dividendos de R$ 1 por ação e cada ação vale R$ 10, seu dividend yield é de 10% (R$ 1/R$ 10). Quanto maior for esse percentual, melhor.

Preço/Valor Patrimonial (P/VPA)

É determinado pela divisão do preço da ação (P) pelo valor patrimonial por ação (VPA). O resultado dessa conta indica qual é o patrimônio que cada ação representa.

Com ele, é possível saber quanto o mercado está disposto a pagar pelo patrimônio do negócio.

Avaliação contábil

Esse tipo de avaliação considera apenas a contabilidade de uma empresa. Em outras palavras, o seu patrimônio líquido.

Esse é um valor que não leva em consideração os chamados bens intangíveis, que incluem a própria marca, patentes, franquias e outras coisas que também agregam valor para a empresa.

Avaliação pré-investimento pós-investimento

É basicamente o valor de mercado de uma empresa antes de receber um determinado investimento e o valor que ela terá depois de receber esse aporte. Os investidores que querem avaliar uma companhia antes de colocar dinheiro nela usam essa metodologia.

Fazer uma avaliação envolvendo matemática financeira, afinal são necessários alguns cálculos e buscar números nos balanços das companhias. Essas informações em geral são disponibilizadas nos sites de relacionamento com investidores (RI) das empresas.

Para fazer uma avaliação usando o Fluxo de Caixa Descontado, é preciso seguir três etapas.

Projeção de fluxo de caixa

Essa projeção envolve tudo o que a empresa receberá em um período de tempo menos os gastos. Por exemplo, em 10 anos.

Definir taxa de desconto

Essa taxa será descontada da projeção de fluxo de caixa para cada ano analisado. Se, por exemplo, a projeção é para 10 anos, você precisará aplicar a taxa de desconto em cada ano, de forma individual.

A taxa de desconto é definida conforme os riscos do negócio e a comparação com outros investimentos. Porém, não existe um consenso entre os analistas sobre a melhor maneira de definir qual será essa taxa.

Alguns profissionais defendem que, para calcular a taxa de desconto, é melhor utilizar o rendimento médio da empresa na Bolsa de Valores. Outros sugerem que a média de desempenho das aplicações em renda fixa deve ser usada.

Somar todos os fluxos descontados

Depois que a projeção de fluxo de caixa foi feita para cada um dos anos e a taxa de cartão foi definida, é hora de trazer cada fluxo de caixa para o valor presente.

valor residual

Apesar das projeções serem para um período de 10 anos, muitas empresas foram criadas para durar para sempre. Como daria certo trabalho projetar os ganhos de uma empresa para toda a eternidade, o chamado valor residual representa a geração de caixa da companhia nos próximos anos.

Confira abaixo um exemplo de avaliação calculada para uma empresa fictícia.

Descrição ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5 ano 6 ano 7 ano 8 ano 9 ano 10 valor residual
Fluxo de caixa futuro (em milhões de reais) 40 43,60 47,52 51,80 56,46 61,54 67,08 73,12 79,70 86,88 1.828,17
taxa de desconto 14,18%
Valor do fluxo de caixa após a taxa de desconto ser aplicada 35,03 33,44 31,92 30,48 29,09 27,77 26,51 25,31 24,16 23,07 485,42

Depois de trazer os fluxos de caixa para o valor presente, é preciso somar os números, ou seja, é a soma dos fluxos de caixa trazidos ao valor presente que indicam qual é o valor real de uma companhia.

Veja o resultado na tabela abaixo.

Valor presente dos períodos de projeções Valor (R$)
Ano 1 ao ano 10 somados 286,81
Residual 485,42
valor presente da empresa 772,22

Leia também:

Quem decide o preço das ações?

Como investir na Bolsa: guia completo

Como calcular o preço médio das ações?

Este conteúdo faz parte da missão do Nubank de devolver às pessoas o controle sobre a sua vida financeira. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e nossa história aqui.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *