Etarismo o que é e como lidar com o preconceito?

O envelhecimento é um processo humano natural e inerente. Apesar disso, muitas pessoas discriminam as pessoas mais velhas, como se fossem incapazes ou inferiores. Esta atitude, chamada de ageism, é comum no mercado de trabalho, gerando preconceitos e prejudicando a diversidade na organização.

Como combater o etarismo nas empresas?

índice

Neste artigo nós vamos responder esta pergunta. Além disso, vamos explicar melhor o que é o etarismo no mercado de trabalho. Nós também apontaremos os tipos e conseqüências dessa prática negativa na sociedade. Siga os tópicos abaixo!

O que é o etarismo?

Em resumo, a discriminação por idade – também conhecida como discriminação por idade – é qualquer forma de preconceito, discriminação ou estereótipo que surge por causa da idade de uma pessoa. Atitudes tendenciosas podem ocorrer em nível individual ou através de políticas e práticas organizacionais.

De acordo com um estudo conduzido pela Associação Americana de Psicologia (APA), o etarismo é um problema tão sério que deve ser tratado com a mesma intensidade que outros tipos de preconceito: gênero, raça ou status social.

Esta pesquisa também revela que estereótipos negativos do etarismo levam a um tratamento injusto e até cruel dos adultos mais velhos. Este cenário se torna mais preocupante quando olhamos para o futuro.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial está envelhecendo rapidamente. O número de pessoas com mais de 60 anos deve chegar a 1,4 bilhões até 2030.

Para garantir que o etarismo não cresça no mesmo ritmo, é importante que a sociedade e o mundo dos negócios invistam em ações de conscientização. Em particular, naqueles que reforçam a luta contra este tipo de preconceito.

Ética da mulher

Quando se trata de preconceitos relacionados à idade, são as mulheres as que mais sofrem. A razão é que vivemos em uma sociedade que muitas vezes exalta a aparência feminina em detrimento das habilidades e competências das mulheres.

Em muitas áreas, as mulheres idosas são invalidadas e consideradas incapazes, e o envelhecimento é negado, com inúmeros produtos de beleza e procedimentos cosméticos para “retardar” o inevitável.

Nós podemos ver isso no mundo do trabalho. É comum que um profissional experiente não seja mais considerado “bonito” pelos padrões sociais, nem psicologicamente e intelectualmente ativo, por causa de sua idade.

As figuras pintam um quadro preocupante. A Pesquisa Global com Estudantes, realizada pela Pearson em colaboração com a Morning Consult, revela que 74% das mulheres entrevistadas sofreram discriminação ao buscar novas oportunidades de carreira. Na pesquisa, 65% disseram que o etarismo no local de trabalho é uma questão que precisa ser discutida e combatida.

Além das desvantagens que já sofrem em relação aos homens no ambiente empresarial, as mulheres acima dos 40 anos também sentem o peso da desigualdade etária. Além disso, de acordo com o estudo, 87% dos profissionais têm menos oportunidades, tais como assumir posições de liderança em empresas.

Em vista destes dados, podemos dizer que a discriminação por idade contra as mulheres é ainda maior do que contra os homens. É essencial que as empresas ampliem o debate sobre esta questão e implementem políticas organizacionais que promovam o respeito e as oportunidades para pessoas acima de 40 anos.

Etarismo no mercado de trabalho

Além da realidade das mulheres, o etarismo também é predominante no mercado de trabalho em geral. Uma pesquisa realizada no Brasil pela empresa de consultoria Hype50 revela que 39% dos profissionais brasileiros acima de 55 se sentem excluídos ou descartados do mercado de trabalho. Mas quais são as atitudes que expõem o etarismo  nas empresas? Vamos dar uma olhada em alguns deles.

Comentários e insultos relacionados à idade

“É inútil ensinar, a idade não permite que você aprenda nada”. “Você é muito velho para trabalhar, por que não se aposenta logo? Você não está apto para o trabalho. Nós precisamos de sangue novo.

Estes são apenas alguns dos comentários e insultos que muitos profissionais mais velhos são forçados a ouvir todos os dias nas empresas. Além de serem preconceituosas, estas expressões não representam a verdade sobre a maturidade.

Falha em recrutar pessoas mais velhas

Em muitos processos de recrutamento, o etarismo não é anunciado, mas escondido. Como assim? Não há nada nos anúncios de emprego que indique rejeição de profissionais acima de 40 ou 50 anos.

Entretanto, os recrutadores descartam currículos enviados por candidatos mais velhos sem sequer entrevistá-los. Quando eles são chamados para entrevistas, muitas vezes perdem o emprego para um profissional mais jovem com as mesmas qualificações, competências e habilidades.

Este tipo de recrutamento e seleção não é remotamente diversificado e inclusivo.

A inclusão nada mais é do que uma empresa dando oportunidades a todas as pessoas, independentemente de idade, sexo, etnia, religião, orientação sexual e condição física. A imagem abaixo demonstra isso mais claramente.

Falta de promoção para este grupo

Há empresas que deixam de promover um profissional quando ele ou ela atinge uma certa idade ou não oferecem um plano de carreira para aqueles contratados após os 40 ou 50 anos de idade.

Neste caso, o papel do RH e da empresa é criar um plano de desenvolvimento para estas pessoas que siga a realidade do grupo.

No entanto, a realidade é que algumas organizações contratam profissionais maduros apenas para valorizar a marca do empregador.

O objetivo é simplesmente mostrar ao mundo dos negócios que eles estão levantando a bandeira da diversidade e da inclusão. Mas, na realidade, isso não está acontecendo.

Corte de funcionários acima de 40

Uma prática triste que também ocorre nas empresas é a demissão de funcionários que completam 40 anos ou mais. Uma das desculpas utilizadas para este tipo de demissão é a renovação da equipe interna.

Na mente de muitas empresas, inovação, tecnologia e novas idéias só vêm das mentes dos mais jovens. Isto é um erro. Na prática, as instituições que dispensam os profissionais mais experientes estão jogando fora algo valioso: o conhecimento acumulado ao longo de anos de prática. Felizmente, existem organizações que não aceitam tais pontos de vista.

De acordo com um estudo recente da Deloitte, ainda realizado em 2021 e com 215 empresas brasileiras, mostra que 37% das empresas entrevistadas criaram um grupo de afinidade para profissionais com mais de 50 anos, 20% disseram que as práticas contra o etarismo estão avançando, e 34% revelaram que pretendem adotá-lo nos próximos anos.

Conseqüências do etarismo na sociedade

O estudo “Global Campaign to Combat Ageism”, publicado pela Toolkit, adverte que o etarismo tem sérias conseqüências a longo prazo para a saúde, bem-estar e direitos humanos. Além disso, a discriminação por idade custa à sociedade bilhões de dólares.

Aqueles que sofrem discriminação perdem em saúde física e mental. Isolamento, solidão, insegurança econômica, qualidade de vida reduzida e até mesmo morte prematura são possíveis conseqüências da discriminação por idade.

Nas empresas, o impacto é sobre a produtividade e a satisfação do profissional.  Doenças emocionais tais como depressão, esgotamento ou ansiedade generalizada podem surgir.

Para combater a discriminação por idade em todas as áreas da sociedade, em 2003 o Governo Federal aprovou a Lei no. 10.741, conhecida como o Estatuto do Idoso. Esta legislação lançou as bases para que as pessoas idosas tivessem seus direitos respeitados.

No Capítulo 6, o estatuto enfoca o ambiente de negócios. Entre as garantias está o exercício da atividade profissional, respeitando as condições físicas, psicológicas e intelectuais. Também proíbe a discriminação e o estabelecimento de um limite de idade superior nas empresas, exceto quando exigido pelo cargo.

O respeito a essas regras nas empresas ajuda a combater o preconceito de idade, tanto agora quanto no futuro. Como mencionado acima, a população mundial está envelhecendo. No Brasil, de acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2040, 56% da população ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos de idade.

Lembrando que os jovens de hoje são os velhos de amanhã, a luta contra a discriminação no mundo dos negócios é essencial para o sucesso futuro desses profissionais. Caso contrário, teremos uma geração de trabalhadores com pouca saúde física e mental, com baixa auto-estima e muito vulneráveis.

Inclusão de profissionais acima de 40 anos

Mas como, afinal de contas, a discriminação com base na idade pode ser combatida? A resposta começa com a adoção de práticas que visam a inclusão de profissionais acima de 40 anos. Aqui estão alguns dos benefícios que uma empresa sentirá ao investir neste tipo de estratégia.

Aumento de desempenho e cooperação

A diversidade etária no local de trabalho melhora o desempenho e a cooperação na organização. Uma razão é que a experiência de profissionais mais maduros ajuda a gerar boas ideias para projetos internos.

Por outro lado, o vigor, a inovação e a facilidade de lidar com o digital (característica das gerações mais jovens, como Y e X), impulsionam os resultados. Esta mistura de idades também ajuda a melhorar a tomada de decisões e a resolução de problemas complexos.

Humanizando os caminhos de carreira

A humanização do ambiente de trabalho é um objetivo de muitas organizações. Um ambiente interno humanizado aumenta a satisfação e a produtividade dos funcionários. Quando falamos em diversidade e inclusão, a humanização também deve fazer parte dos planos de carreira.

Como isso pode ser feito? Dentre as estratégias, podemos destacar

  1. Construir caminhos de carreira para profissionais com mais de 40 anos de idade;
  2. Criação de posições, papéis e promoções para funcionários mais maduros;
  3. Desenvolver políticas que incentivem a diversidade etária nos processos internos de recrutamento.

Quando estas e outras ações forem implementadas, a empresa descobrirá que, devido ao grau de experiência dos funcionários mais experientes, a qualidade das demandas aumentará.

Menos rotatividade de pessoal

Se não houver discriminação de idade no trabalho interno, a organização terá taxas de rotatividade mais baixas. Este aspecto positivo é devido ao fato de que profissionais maduros tendem a permanecer mais tempo na empresa.

Além disso, esta estratégia reduz os custos de indenização, recontratação e treinamento.

Impulsionando a inovação

Uma equipe de profissionais de diferentes idades reúne diversas habilidades, experiências, perspectivas e perfis comportamentais. O resultado é uma rica fonte de inovação.

Em breve a empresa desenvolverá projetos ousados e diferenciados no mercado em que atua. Assim, a empresa ganhará visibilidade e competitividade.

Melhorando a reputação da empresa

As empresas que promovem uma cultura de inclusão são vistas como modernas, acolhedoras e inovadoras. Portanto, a diversidade etária melhora a marca do empregador da organização.

Estas características atraem diversos talentos profissionais para o processo de recrutamento e seleção e, consequentemente, para a equipe interna.

Ajuda a combater o preconceito

Novas atitudes empresariais tendem a se tornar cada vez mais humanizadas, porque o comportamento da sociedade – tanto dos trabalhadores quanto dos consumidores – é muito diferente de 30, 40 anos atrás.

Preconceitos para qualquer grupo específico são desaprovados no mercado competitivo, e têm que ser combatidos intensamente. Uma das melhores armas nesta luta é dar oportunidades iguais a profissionais de diferentes idades.

Desta forma, a empresa se posiciona como uma aliada de todos aqueles que lutam contra qualquer tipo de discriminação.

Veja também:

Transexuais no mercado de trabalho: dicas de inclusão

Como combater a discriminação com base na idade?

Eliminar os preconceitos de idade no mercado de trabalho não é algo que possa ser alcançado muito rapidamente. Então, como a discriminação por idade pode ser combatida? Ao adotar práticas estratégicas, é possível quebrar, ainda que lentamente, este tipo de preconceito. Vejamos algumas dessas ações.

Criar programas de inclusão

É essencial criar um programa de inclusão interna. As práticas que devem ser incluídas neste programa incluem

  • Descrições de cargos e papéis que não discriminam os profissionais maduros;
  • Incentivo ao uso de linguagem inclusiva e rejeição de linguagem depreciativa;
  • Recompensas para funcionários com mais de 40 anos que tenham bom desempenho;
  • Eventos e palestras sobre discriminação por idade no trabalho;
  • Criar espaços para valorizar esses profissionais, onde eles possam relacionar suas experiências e sentimentos.;
  • Fornecer condições de trabalho adequadas

A empresa deve cuidar do bem-estar e da qualidade de vida dos funcionários maduros. Isto significa oferecer benefícios específicos, como consultas médicas, descontos em ginásios e terapias alternativas. Além disso, também é importante tornar o horário de trabalho mais flexível e construir ambientes acessíveis.

Finalmente, quando a organização se torna um ambiente de respeito entre os funcionários, o clima interno torna-se agradável e fértil para a criação de boas oportunidades. Afinal de contas, os funcionários sentem o melhor de dois mundos diariamente: juventude e maturidade.

Gostou do conteúdo? Continue navegando pelo site do Sertão Alerta portal para mais conteúdos e notícias como esta.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *